quinta-feira, 29 de maio de 2008

Primeiros passos...

Nos anos 30, estourou nas rádios uma história fictícia sobre seres de outro mundo. Dizia que eles observavam todos os passos dos seres humanos na terra. Baseada em um livro de H. G. Wells, o radialista Orson Welles narrou os acontecimentos como se estivessem acontecendo naquele momento com o objetivo impactar os ouvintes. O pânico instaurou-se.

Tudo não passou de uma travessura em comemoração ao halloween, feita sem pensar nas conseqüências, como o terror nos EUA, e também pelo fato de as pessoas não terem a visão da realidade, já que o meio de comunicação mais influente era o rádio. Este acontecimento serviu de tema para o filme “Guerra dos mundos”.

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Dilema jornalístico proposto:

O jornalista deve publicar uma reportagem mesmo sabendo que ela pode prejudicar as pessoas?

Se a reportagem for consistente e de interesse público, pode ser publicada sim. O jornalista só não deve publicar notícias falsas. Isso prejudica a imagem do profissional.

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Auto-afirmação da adolescência 1968-2008

Edgar Morin é filósofo, francês, historiador, sociólogo e um dos últimos pensadores vivos de nosso tempo. Convidado a abrir o ciclo de palestras “Fronteiras do Pensamento Braskem-Copesul” em Porto Alegre, fala com a vivência de seus 87 anos, do importante período de “1968-2008: o mundo que eu vi e vivi”, analisa os rumos da humanidade às vésperas do 40º aniversário da revolta francesa de Maio de 1968. Crise estudantil que segundo ele “levou a afirmação da adolescência como entidade autônoma”.

Morin concedeu entrevista à Folha de São Paulo antes de sua palestra, onde respondeu perguntas relacionadas com o movimento de Maio de 68 e seus reflexos nos dias atuais. Afirma que a maior importância de 68 foi o início do processo de auto-afirmação da adolescência como entidade social e cultural, nascia a esperança de dias melhores, para morrer nos anos 90, com o desencanto de vivenciar os males que o avanço da ciência trouxeram e esse mal-estar se agravou nos dias atuais; segundo Morin “onde há vida urbana e desenvolvimento, há estresse e ritmos de trabalho desumanos. A poluição causa males terríveis e nossa civilização é incapaz de impedir a criação de ilhas de miséria”.

Segundo Morin, “o que piorou mesmo foi o fato de termos perdido a fé no progresso. O sentimento de precariedade é agravado pelo fato de os pais não saberem se seus filhos terão um emprego. A ilusão de que esse crescimento da economia resolveria os problemas, eis que agora impera a estagnação”. Ressalta que “quando não há mais futuro, a gente se agarra a um presente desprovido de sentido ou ao passado-nação e religião”. Morin não acredita no choque das civilizações, acredita na volta da barbárie em suas mais diversas formas. Considera a internet instrumento polivalente e fato social importantíssimo, mas que apenas transmite informação, sem criar compreensão. “É preciso estimular o surgimento de uma consciência planetária”, afirma. Para isso, intelectuais são necessários, mesmo quando eles se enganam. “Quanto mais o mundo acha que não precisa deles, mais eles fazem falta (risos)”.